quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Os policiais militares de SP

Quem me conhece sabe que eu não sou de admirar alguém facilmente. Para merecer a minha admiração não basta fazer algo de diferente, tem que passar por uma série de requisitos.

Na minha lista de admirados constam: os médicos, que salvam vidas; os bombeiros, que arriscam suas vidas sem hesitar para salvar vidas; e os policiais, que também arriscam suas vidas para ... salvar vidas. Vejam que dou muito valor a quem dá valor às vidas das outras pessoas. Seria quase desnecessário explicar que não incluo nesta lista os maus médicos, os maus bombeiros e os maus policiais (os baderneiros da polícia civil que tentaram invadir o palácio dos Bandeirantes, por exemplo). Não estou interessado em indivíduos, mas no grupo, na entidade, nas instituições: médicos, bombeiros e policiais.

O senso comum prega que policiais não são admiráveis. Se perguntar às pessoas comuns elas dirão que policiais não são para se admirar, mas, ao contrário, para se olhar com desconfiança. É um fato social tanto entre pobres quanto entre ricos, entre ignorantes e entre letrados. Eu, como não me considero exatamente 'comum', fujo desta imposição social e digo claramente que admiro, sim, os homens da lei.

Uma outra característica minha é ser um pouco apático em relação a coisas que despertam nas pessoas comuns os mais profundos sentimentos. Mas, em compensação, coisas que para a maioria não querem dizer nada, para mim representam muito. As sutililezas, os detalhes e o 'oculto-ainda-que-revelado' mexem comigo. 

Nesta bagunça promovida por 'lideranças políticas' (me dá coisas chamar esta gente de liderança) entre policiais civis e militares, uma imagem despertou em mim um destes sentimentos muito particulares e me fez admirar ainda mais os policiais militares de SP. A reportagem do SBT sobre o fato mostrou que muitos policiais militares foram chamados ao palácio dos Bandeirantes para reforçar a segurança. O repórter dizia que muitos nunca tinham entrado no palácio quando apareceu a imagem de um grupo de policiais - acho que quatro - andando numa das enormes e bem adornadas salas, demonstrando admiração. Então todos pegaram seus celulares e começaram a tirar fotos.

Nesta hora, várias imagens me vieram à mente: lembrei que estes policiais ganham muito mal, que têm famílias, que têm sonhos, que entram para a polícia com planos para melhorar de vida, que são militares e têm de obedecer ordens sem questionar, que arriscam suas vidas por gente desconhecida, ingrata e que não os admira..., mas, ali, eram apenas servidores da população - no melhor sentido desta expressão -, humildes, cumprindo a ordem de defender o governo e o governador, seu chefe maior numa hierarquia que eles conhecem bem e respeitam, encantados com um lugar que não faz parte de suas vidas, que está distante de suas realidades. Eles têm demandas como todos nós: também querem salários maiores, vales-refeição maiores, condições melhores, vidas melhores. Mas estavam ali, como peças fiéis e confiáveis numa engrenagem social cada vez mais deturpada; estavam ali cumprindo com seus deveres de maneira responsável, simples e bonita. Estavam encantados com a beleza do palácio, tirando fotos que, provavelmente, mostrarão aos filhos e dirão: olha, o papai foi na casa do governador.

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